Em minha rua há uma espera
do tamanho do horizonte.
Cinzentas são as quimeras
mas, em minha rua há uma fonte…
… que às vezes lava mares
de malabares quebrantos
e banha recém nascidos
no primo canto, ungidos,
do feitiço de outros ares
dos males de outros cantos.
Em minha rua mora um anjo
dono da situação.
Não se chama solidão
e faz-se em som de banjo
puro espalhar sedução.
Em minha rua o passado
tem inveja do futuro
o presente adiantado
ou atrasado, nem sente
o dia a dia do enduro.
Sou vizinha de uma jura
que briga com a razão
um alongado perdura
num resquício de emoção
Por isto em minha rua
foge na luz do poste
dança dos quartos da lua
em quatro ventres à sorte
na casa da maldição.
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2 comentários:
Flor,
Coloquei postagem nova, apareça por lá. Lindo texto!!!!
Olá, cara Flor! Só hoje pude ler os teus textos de sexta-feira 28. Gostei muito do "Anjo'. Essa "coisa de anjo" é interessante, porque eu também tenho um anjo torto que segue a minha rotina, mas também sei que ele não mora na minha rua, fiquei pensando, acho que esse anjo que mora na tua rua é mesmo que ronda as minhas rotinas, porque quando ele quer te encantar, mostra-se à tua distração em "som de banjo puro espalhar sedução" e te transforma "o dia a dia do enduro" em sereno campo complacente. Desse modo, entendo o porquê dele ser a mim torto, amorfo que não me deixa nem quando estou de chinelos preguiçosos. Pensando assim, sinto que esse "anjo" é mesmo um palhaço, porque nos entrete a razão com as mesmas fantasias e brincadeiras, resguardadas ao tempo à distância, a verossimilhança que há a cada existência que ele acompanha.
Adorei esse texto.
abraço, simao
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