
na tua vista a minha espelhada
horizonte sem brisas flor do dia
surgida da noite como rio silencioso
por entre nuvens negadas à melodia
no tombadilho ressoam turbilhões
contam-se contos escondem-se fadas
lendas antigas à flor-da-pele
memórias de metáforas desalinhadas
na tua vista a minha vista espelhada
pousa esta paixão sem altares ou portos
na pele do desejo com algemas de lua
por entre horas atadas em beijos loucos
um dia sei que os voos de longe
vão no meu sonho ficar pousados
como escravos entre escombros
nas prisões dos calendários apagados
sem receio dos cânticos das sereias
vozes trazem-te como das fadas o gosto
nesta invenção de um pôr-de-sol só meu
que jamais se espelhará em teu rosto.